Oleg (formato 17 x 24 cm, 184 páginas), de Frederik Peeters (Pílulas Azuis), é o próximo lançamento da Editora Nemo.
O quadrinhista volta a contar sua história, mas, desta vez, troca o “eu” pelo “ele” e, usando seu avatar “Oleg”, apaga suas pegadas e se esquiva da armadilha da trivialidade. Por meio de crônicas da vida contemporânea, ele levanta parcialmente o véu que cobre seu trabalho e seu cotidiano de artista, e, ao fazê-lo, aponta uma série de contradições que assombram nosso tempo: a ultramodernidade tecnológica e o pensamento reacionário, o culto à superficialidade e a busca pela autenticidade, a superabundância e a confusão.
Mas Oleg também pode ser lido simplesmente como uma declaração de amor do autor àqueles que lhe são mais próximos, e como um lembrete de onde reside a força que nos permite sublimar o banal e enfrentar a adversidade.
Há mais de 20 anos, a vida de Oleg gira em torno do desenho e da criação de histórias. Tudo isso vinha fluindo naturalmente até os últimos dias, quando a criatividade parece patinar. Os projetos se sucedem, mas a convicção não está mais presente, como se, em algum lugar, a inspiração tivesse se perdido.
Ele então escava, procura e reflete. Ao seu redor, há o grande e vasto mundo, veloz, mutável, moderno, inexorável. Um eremita assumido, mas também um atento observador, Oleg é a testemunha involuntária deste mundo em constante mudança, que traz sua parcela de eventos e surpresas, tanto boas quanto ruins. E acima de tudo, há seu próprio e pequeno mundo: a esposa, com quem compartilha a existência há duas décadas, e sua filha, agora em plena adolescência.