Saiba mais sobre Claudio Seto

Conheça o criador de Maria erótica

Claudio Seto

Chuji Seto Takeguma, mais conhecido como Claudio Seto ou simplesmente Seto (nascido Chuji Seto Takeguma, 1944-2008) foi um polímata brasileiro, descendente de japoneses, tendo se destacado nas áreas de artes plásticas (sendo um dos mais renomados desenhistas de quadrinhos no Brasil), poesia, fotografia, animação cultural e bonsaísmo.

Nasceu em Guaiçara, interior de São Paulo, em 1944, descendente de samurais, Seto introduziu o estilo mangá nos quadrinhos brasileiros em 1963, quando passou a trabalhar na Editora Edrel, com as publicações “O Samurai” e “Ninja – o Samurai Mágico“, e “Flavo” (baseado em Astro Boy de Osamu Tezuka) que tinham seu texto e desenhos. Em 1975, depois do fim da Edrel devido a censura ditatorial, Seto retornou a sua cidade natal, onde foi eleito vereador por duas gestões. Seu último livro foi “Lendas trazidas pelos imigrantes do Japão“, publicado pela Devir Livraria.
O nome Claudio Seto também foi pseudônimo comum dos irmãos Cláudio e Chuji Seto, quando faziam quadrinhos para a Editora Edrel. Chuji passou a infância no Japão, onde visitava o estúdio de Osamu Tezuka e Cláudio foi discípulo de Sanpei Shirato. Na época da Edrel, eles fundaram em Curitiba o estúdio Seto Produções Artísticas e criaram personagens inspirados no que se produzia no Japão daquela época (sobretudo nos estilo shojo e gekigá).
A Edrel dava seus últimos suspiros e o principal autor de quadrinhos da editora de Minami Keizi vivia a incerteza do desemprego e sem saber que rumo daria à sua vida.

A Princesa / O-Samurai

Foi trabalhar como ilustrador de jornal e quis o destino que ele estivesse no lugar certo e na hora certa: em setembro de 1976, a Grafipar, tradicional publicadora de livros para venda de porta em porta, lançou uma revista erótica com texto e fotos que se tornaria um fenômeno editorial: Peteca.

O êxito estimulou o editor Faruk El Kathib a convidar Seto a montar um núcleo de quadrinhos em 1978. Daí nasceram revistas 100% nacionais como Quadrinhos Eróticos, Sexo em Quadrinhos, Aventura em quadrinhos, Perícia, Neuros, Próton etc.

Seto trouxe de volta sua personagem Maria Erótica que era publicada pela Edrel, republicou suas histórias de Samurai e voltou a desenhar mangás com seu Super-Pinóquio (outro personagem inspirado em Astro Boy), criou também a personagem Katy Apache, inspirada na personagem de Raquel Welch no faroeste Hannie Caulder de 1971, onde vestia apenas um poncho.
Quase dois anos depois, em março de 1980, Maria Erótica, a personagem que Seto consagrou na Edrel, ganhou revista própria com 32 paginas mensais. Antes, saíra no volume 2 de Homo Sapiens e de As Fêmeas e tivera um número especial de 96 páginas na série Especial de quadrinhos – Volume 4.
A mocinha ingênua com traços humorísticos do passado mudou ao menos no visual e deu lugar a uma bela mulher, voluptuosa, de curvas generosas – quadris largos, cintura fina e seios maiores.

A capa do número de estréia é bastante simbólica para o que pretendia Cláudio Seto ao ressuscitar Maria Erótica. Vê-se uma garota loira nua deitada e com o bumbum levantado, enquanto uma trupe de personagens da literatura, do cinema e dos gibis correm em sua direção com vontade de possuí-la. Pode-se identificar desde o coelho de Alice no País das Maravilhas a Pinóquio e Pequeno Príncipe. Há ainda Tarzan, Zorro, Tonto, Robin Hood e o Corcunda de Notre Dame, dentre outros.

Maria erotica

Maria ganhou nova cor de cabelo – deixou de ser morena, ficou mais madura e com traço sofisticado, mas não perdeu sua essência de garota ingênua que está sempre nua nas mais inusitadas situações e não percebe que todos os machos que cruzam seu caminho querem apenas fazer sexo com ela.
Para essa reinvenção da personagem, Seto recorreu a Nelson Padrella, um dos melhores roteiristas da editora, que abriu a revista com a aventura No mato sem cachorro, uma delirante experiência em satiriza o livro Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll.

Com pouca roupa e sempre em fuga, Alice encontra outras figuras conhecidas como Pinóquio. Mas é vigiada o tempo todo pelo coelho, que lhe repreende. Afinal, libidinagem era algo inadmissível pela rainha.
Em sua primeira fase, publicada entre 1970 e 1972 pela editora Edrel, ela é uma repórter da cidade de Guaiçara, que realmente existe no interior paulista, mas nas HQs da Maria Erótica é mais próxima da cidade de São Paulo devido a seus enormes arranha-céus e conglomerados comerciais.

As HQs são de uma sutil ironia, e a heroína, virgem, entra em dilema já que também sente muito desejo sexual, e é nessa tensão que se desenrolam as aventuras e desventuras da mocinha. Desnuda-se com freqüência, sempre involuntariamente. Tem sempre que se livrar das investidas de Beto Sonhador, que é obcecado por ela.

Vale a pena repetir o texto do chupim na HQs da volta da Maria Erótica, um pássaro preto sempre presente nos quadrinhos de Seto, isso já pela Grafipar em 1979.

Depois desse especial, Maria Erótica voltou numa revista mensal, onde ressurgiu também num mundo fantástico e satírico, com versões safadas de personagens de contos de fadas. Diferente da Maria do mundo real que é reprimida e casta, a Maria desse universo paralelo é maliciosa, desinibida e libertina, e além de ficar nua a maior parte do tempo mantém relações sexuais com diversos homens. Pela Grafipar saíram cerca de 20 edições e outros artistas participaram da confecção de suas HQs além de Seto tais quais Watson, Mozart Couto, Bonini entre outros. No numero 14 se encontrou com Katy Apache (outra criação de Seto), num inusitado e divertido encontro onde ficou comprovada a semelhança das duas, todos confundem uma com a outra provocando gostosas confusões.

Esta edição traz a estrutura que marcaria a coleção Maria Erótica, uma das mais bem-sucedidas da Grafipar, com 18 números publicados até 1982. Depois, saíram mais dois volumes da série O diário íntimo de Maria Erótica. Nestes, a personagem narrava suas experiências sexuais numa história que trocou o humor característico por um texto adulto, com cenas de sexo sadomasoquista.

A idéia de adentrar nos relatos da personagem inspirou Mozart Couto a criar O diário de Nara, uma novela de muito erotismo com 40 páginas, que abriu o número dois da revista. Fechava a edição uma história de Minami Keizi, assinada por Rose West, com desenhos de Julio Shimamoto.

Maria Erótica foi uma invenção genial de Cláudio Seto que ainda espera republicação.
Mesmo sendo reconhecido como um dos precursores do estilo mangá, Seto foi aconselhado a mudar de estilo, alguns de ser trabalhos foram inspirados em fotonovelas italianas e em artistas da Revista MAD.
Com o fim da Grafipar, Seto publicou poucas histórias em quadrinhos, entre elas destaca-se “A História de Curitiba em Quadrinhos”, em comemoração aos 300 anos da cidade.
Foi conselheiro da Abrademi (Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações), na época de sua fundação em 1984, e depois foi presidente da unidade Paraná da mesma.
No fim da vida publicou charges nos jornais “Tribuna do Paraná” e “O Estado do Paraná” e dedicou-se a organizar eventos culturais da comunidade japonesa. Também lançou um livro contando a história da imigração japonesa no Paraná e escreveu sobre lendas do Japão para o jornal Nippo-Brasil.

HQMix samurai

Dentre os prêmios ganhos por Seto estão o prêmio homenagem Ângelo Agostini como “Mestre do Quadrinho Brasileiro” em 1990; o HQMix, como “Grande Mestre do Quadrinho Brasileiro” em 1995; além de uma homenagem como “Pioneiro e Mestre do Mangá no Brasil”, da Associação Brasileira dos Desenhistas de Mangá e Ilustradores em 1996.

Em Julho de 2008, Seto foi homenageado pelo Troféu HQ Mix, o troféu da edição 2008 da premiação foi baseado no personagem Samurai, publicado na EDREL.
Claudio Seto faleceu no dia 15 de novembro de 2008 vítima de AVC.

Personagens criados por Claudio Seto (15)

  • Curô, O Samurai
  • Flavo (Claudio Seto)
  • Karatê 013
  • Karatê 07
  • Karatê 09
  • Katy Apache (Catarina )
  • Maria Erótica (Maria da Silva)
  • Mata-Sete
  • Melissa
  • Ninja, O Samurai Mágico (Kodi (Ou Koji) )
  • Psikuy
  • Ss Karatê
  • Super-Pinóquio (Super-Pi )
  • Supersex
  • Zero-Zero Pinga

A flor maldita / O Super pinoquio / Katy Apache

3 Comentários Saiba mais sobre Claudio Seto

  1. Andre Souza

    Enfim achei! Quando era pequeno comprei a primeira edição do super pinóquio, depois nunca mais encontrei, gostaia de saber onde posso achar a coleção completa. Abraços.

    Reply
    1. Mazinho

      Olá André. Infelizmente não possuo nenhuma revista no momento do Super Pinóquio e, também, não sei informar onde você poderá conseguir os exemplares. Obrigado pela sua visita e comentário. Um abraço!

      Reply
  2. Pingback: Conheça Mozart Couto | Mania de Gibi:Gibis, HQs, Revistas em quadrinhos e muito mais!

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