Faleceu Edmundo Rodrigues

O quadrinho brasileiro perde um desenhista e editor que se tornou ícone

Edmundo Rodrigues

Faleceu no dia 10/09/12, o desenhista e editor, Edmundo Rodrigues, desenhista e editor de HQs. Nasceu no estado do Pará, onde permaneceu até os cinco anos, quando imigrou para o Rio.

O tico-ticoDos 14 aos 17 anos, desenha, para a editora O Tico-Tico, do Rio, o personagem João Charuto, sobre um português pobre que vem para o Brasil.

Em 1950, ainda no Rio, colabora com a revista “Sesinho” (RJ), desenhando a série “Lendas Brasileiras” durante dois anos.

Em 1952, colabora com a revista “Vida Juvenil”, da carioca Vida Doméstica, produzindo HQs sobre o descobrimento do Brasil e “Aventuras de Armando”.

Aos 19 anos, deixa “O Tico-Tico” e vai para a Rio Gráfica. Alí, em 1959, desenha “Jerônimo, o Herói do Sertão“, que alcançou grande popularidade. O personagem era criação radiofônica de Moysés Weltman, com quem Edmundo formaria parceria mais tarde, em outros projetos. Paralelo ao “Jerônimo”, o desenhista fez “Chico e Chica” (entre 1960-62, para a Revista do Rádio Editora) e “Falcão Negro” (para a Editora Garimar).

Em 1963, faz “Antar”, para a Editormex (editora mexicano-brasileira), uma cópia do Tarzan.

Em 1967, imigra para o bairro Aclimação, em São Paulo, onde começa a trabalhar para diversas editoras. Em 1971, faz HQs de terror para a La Selva.

Edmundo Rodrigues trabalhou na Editora La Selva. Fundada na década de 1940 por Vito Antonio La Selva. Entre os anos 50 e 60, publicou títulos famosos dos quadrinhos como “Terror Negro”, “O crime não Compensa”, “Dick Peter”, “Sobrenatural – Mistérios do Alem”, “Gato Félix”, “Arrelia e Pimentinha”, “Flash Gordon”, Oscarito e Grande Otelo”, “Jim das Selvas”.

Teve como colaboradores Gedeone Malagola, Francisco Oliveira, João Batista Queiroz e, logo depois, Álvaro de Moya, Sillas Roberg, Jayme Cortez, Miguel Penteado” e caberia ao português do Bairro Alto de Lisboa, Jayme Cortez, fazer grande revolução nas capas da editora, sobretudo em “O Terror Negro“.

Até então as capas das revistas da La Selva eram desenhadas pelo pintor Waldemar Cordeiro. Foi preciso muita conversa para convencer os La Selva a dar uma oportunidade a Jayme Cortez, pelo menos um trabalho experimental. “A capa dele era tão espetacular, com um senso popular e apelativo tão grande que o resultado não poderia ser outra. Tomou conta!”.

Após esse período em São Paulo, Edmundo retorna ao Rio, onde faz, em 1974, o gibi “Os Defensores” da editora Gorrión. No ano seguinte, passa a editar, ao lado de Moysés Weltman, os super-heróis Marvel na Bloch.

JerônimoJerônimo, O Herói do Sertão! foi mais um famoso personagem nascido no rádio, que foi para os quadrinhos, e depois para as novelas e para o cinema. E mais curioso ainda, um herói do sertão brasileiro! O Herói foi criado por Moisés Weltman para programa radiofônico em Dezembro de 1952 para a Rádio Nacional. Após tanto sucesso na radio novela, chegou as bancas em Julho de 1957 a revista Jerônimo, o herói do sertão, com desenhos do Edmundo Rodrigues.

A revista fez muito sucesso! Tanto que durou 93 edições (até 1966), 5 almanaques (1958,1959,1960, 1961 e 1963 – não teve almanaque 1962). Foram publicadas também algumas edições extras com as Peripécias do Moleque Sacy e Aventuras da Aninha (2 edições cada). Estes exemplares são muito raros!

Jerônimo acompanhado de seu inseparável ajudante Moleque Saci, combateu as injustiças e cavalgou por este Brasil por 10 anos.

Foi uma das revista de quadrinhos com temática de faroeste e com personagens e autores 100% brasileiros, e a revista nacional com personagens de faroeste que permaneceu mais tempo em nossas bancas de jornais.

Em 1979 a Bloch Editores, relançou a revista em formatinho e em cores (uma tentativa de reviver o personagem e também porquê o Edmundo Rodrigues era editor de quadrinhos do grupo neste período).

A tentativa não logrou êxito e a revista durou apenas 3 edições. Estes exemplares são raros de se encontrar.

O Edmundo Rodrigues foi o artista que mais desenhou o personagem. O Juarez Odilon participou de algumas edições.

O personagem fez muito sucesso em todas a mídias (rádio/Tv/quadrinhos e cinema)!

Está parte deixo para os fãs de radio novelas, televisão e cinema, pois somos fãs mesmo é de quadrinhos!

” Me lembro que o primeiro número do Jerônimo saiu ás bancas numa tarde,todos esperavam a chegada ansiosos para comprar a revista que estava sendo anunciada pela rádio em todo o Brasil, ele Jerônimo era filho da terra,raízes bem brasileiras! Vendeu em uma só tarde 140.000 exemplares. Me lembro,que fui convidado para ir ás emissoras para falar do Heroí Brasileiro, Jerônimo,O Heroí do Sertão. Foi um sucesso!”, lembra Edmundo.

Segundo o pesquisador Gonçalo Junior, “Para cuidar de suas publicações, Adolfo Bloch designou a dupla Moysés Weltman e Edmundo Rodrigues, a mesma que levara para os quadrinhos (RGE), a partir de 1959, as aventuras radiofônicas de ‘Jerônimo, o Herói do Sertão’, um mocinho americanizado que vivia na caatinga nordestina, criado por Weltman. Edmundo recorda que ele e Moysés foram avisados de que iriam editar quadrinhos e ficaram encarregados de criar um departamento para isso.”

Nos anos 90, Edmundo Rodrigues é chamado para dirigir a área infanto juvenil da Bloch Editores pela 2ªvez, só que agora como Editor de Histórias em Quadrinhos , lançando as seguintes revistas:

Drácula, Aventuras de Didi, Historias Reais de Lobisomem , Spectreman, Popeye, Albúm de figurinhas – sobrenatural, Capitão Mistério, Mestre Kim, Clássicos das Artes Maciais, Sexta-Feira 13, Almanaque dos Trapalhões, Elvis Presley sua vida em HQ, Série Vudu, Clássicos de Pavor, Conde Drácula e Angélica.

Edmundo ficou na Bloch até o final de 1993.

Mestre Kim

mestre KimEdmundo sempre gostou de artes marciais e para quem não sabe é faixa preta de Judô e anos atrás a própria esposa dele, a Glorinha, também chegou a praticar de quimono e maria chiquinhas. E demonstrando apreço por essa arte milenar e pelo amigo prof Kim, Edmundo criou essa Revistinha que esteve por muito tempo nas bancas.

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Irina A Bruxa

Irina, A BruxaIrina, A Bruxa, virou peça de teatro por volta de 1999 com a esposa de Edmundo, a atriz e diretora Agatha Desmond vivendo o papel de Irina. Essa Bruxa, é a criação feminina mais famosa e conceituada de Edmundo Rodrigues. Um clássico dos quadrinhos de terror brasileiros, Irina foi publicada originalmente em 1967, em apenas 3 edições pela editora Taika. A editora Bloch publicou a Irina em cores nos anos 80, dando um tom avermelhado e uma pele mais dourada a bruxa Irina, que era loira nas capas da Taika. Aliás as cores que a editora Bloch usava na colorização de suas revistas são conhecidas por serem “berrantes” mas são um toque clássico que hoje em dia dão charme para edições dessa editora. Condenada a morte por seu passado de crimes e bruxarias, antes que as chamam consumissem seu corpo, Irina jurou que voltaria para se vingar. Ao ser queimada foi retratada na tela por um pintor, cumpre a promessa e volta da morte! A única coisa que pode detê-la é o “Triângulo de Prata”.

personagens

4 Comentários Faleceu Edmundo Rodrigues

  1. Juarez Marques

    Uma emocionante lição da memória nacional retratando a trajetória de um verdadeiro gênio dos quadrinhos e que infelizmente não deixou discípulos , pois seu estilo era único como alguém talhado para um personagem que retratava fielmente o imaginário popular do teatro cego como costumamos chamar o rádioteatro . a concepção muito bem desenhada do herói envolvida no horizonte de perigo cavalgando as caatingas combinava muito bem com a voz varonil do rádioator Milton Rangel . Cauê Filho ” O moleque Saci ” era perfeito . Lembro que certa vez dos corredores da Rádio Nacional Cauê Filho que interpretava o Saci teceu os maiores elogios ao gibi desenhado por Edmundo Rodrigues . Infelizmente após muitas tentativas procurei conhecer essa figura que povoou minha infância de sonhos . Sabia que morava no Leme , mas logo depois me surpreendi com seu falecimento . Continue resgatando mais detalhes deste artista e do mundo maravilhoso dos desenhos a bico de pena como eram feitos os quadrinhos usando toda a criatividade do artista brasileiro hoje sufocado pela computação gráfica , você está de parabéns pelo que escreveu . Do seu amigo de sempre Juarez Marques.

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  2. aecio

    Cresci. Viajando nas pradarias em aventuras escrita e desenhada por esse artista inesquecivel. Traços unico. Com historias redigidas com maestria. “Belos. Tempos. Belos. Dias” aecio da penha lourenço. Sao gonçalo. Rio de janeiro

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