Batman – Asilo Arkham: Uma séria casa em um sério mundo

Conheça esta Graphic Novel de 112 páginas escrita por Grant Morrison

Escrito por Wilson Simonetto
Asilo Arkham
Com uma história que inicia e termina com citações de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, já se tem uma idéia do tom dessa Graphic Novel de 112 páginas, escrita por Grant Morrison ( Homem Animal, Liga da Justiça, X-Men ) e ilustrada por Dave McKean ( Orquidea Negra, Hellbrazer, Sandman), publicada nos EUA em 1989 e no Brasil em 1990, pela primeira vez, pela Editora Abril.
Asilo Arkham não é exatamente uma história convencional, mas Batman também está longe de ser um personagem convencional, com toda a motivação psicológica e seu rico universo de vilões.
A trama é basicamente dividida em duas, uma referente à revolta dos vilões de Gotham City nas instalações do famoso instituto de recuperação, e a história de sua criação e de seu criador, o psicólogo Amadeus Arkham.
A história começa com um ainda garoto Arkham contando o sofrimento de sua mãe e a ligação que isso traz com a casa em que mora, já indicando o conteúdo sobrenatural e o simbolismo dessa relação.
No presente, a história começa com revolta no Arkham, onde o Comissário Gordon informa à Batman que os internos exigem sua presença, como exigência. De forma a convencer Batman, coringao Coringa mais afetado e insano do que nunca, usa uma suposta atrocidade em uma das reféns. Nesse momento percebe-se a insegurança de Batman com relação à sua própria motivação e a sua sanidade, ao se questionar se deve realmente ir ao Arkham.
Anos depois, Arkham volta à sua casa, após o suicídio de sua mãe , ao mesmo tempo que ainda em Metrópolis, trata de um paciente altamente perigoso , Mad Dog Hawkins, que o psicólogo julga ser apenas uma das muitas vítimas de doença mental à espera de tratatamento. Nesse ponto Arkham encontra um objetivo para si e para sua antiga casa.
Ao chegar no instituto Batman é recebido pelo Coringa, e após liberar os reféns, em troca de sua entrada, o Coringa mostra que a suposta atrocidade com a refém, na verdade se revelou em uma “peça de 1º de Abril”. Nesse momento temos uma das cenas mais icônicas do Homem-Morcego, quando o Coringa da um tapa em seu traseiro.
Batman descobre que algumas pessoas ficaram por conta própria no Arkham, como a Dra.Adams e o Dr. Cavendish, administrador atual, e encontra Harvey Dent, o Duas Caras, claramente inseguro, onde se revela que é fruto do tratamento recebido no instituto.
Após discutir com a Dra Adams a eficácia do tratamento, especialmente no Coringa, onde obviamente o tratamento está longe de obter qualquer sucesso, Batman é condicionado pelo Palhaço do Crime a fazer o teste de prancha com a Dra. Adams, onde incrivelmente o Homem Morcego parece sentir fortemente o impacto para deleite de um certo vilão de sorriso fácil.
Arkham, viaja à Europa, onde encontra, Jung, pai da psicologia analítica e Aleister Crowley, um ocultista britânico, conhecido como o homem mais pervertido do mundo e que o fascina. As obras da casa estão adiantadas, e Arkham se encontra especialmente feliz com sua esposa e filha, quando é informado que Mad Dog fugiu da cadeia, e que após informar que o mesmo é extremamente perigoso basicamente se afasta de qualquer envolvimento.
Batman é forçado pelo Coringa à se embrenhar pelo Arkham, sendo que após uma hora , Espantalho, Cara de Barro, Dr. Destino e Crocodilo sairão à sua caça. Batman é convencido à aceitar esse desafio, ou “peça de 1º de Abril”, que se encerra à meia-noite, após o Coringa executar uma pessoa.
Como sempre ocorre nas obras de Batman, mais uma vez , sua origem é contada e, para manter sua sanidade, o Homem Morcego usa de um artíficio extremo. Enquanto isso, durante uma discussão entre Coringa e outros internos, eles decidem não dar o prazo acordado de uma hora para iniciar a perseguição.
Em um 1º de Abril, Arkham chega em casa e procura por sua esposa, sendo que quando à encontra, juntamente com sua filha, descobre que sua vida mudara para sempre, quando vê ambas assassinadas de forma cruel, inclusive com outra cena icônica e terrivelmente incômoda da filha de Arkham.
Nesse instante mais uma vez se percebe uma analogia com Psicose, ao encontrar Arkham totalmente desolado usando o vestido de noiva de sua mãe, analisando sua situação e onde se percebe logo em seguida que decide continuar com seu projeto de criar o instituto, sendo seu primeiro paciente justamente o assassino de sua família, o próprio Mad Dog. Após um período de tratamento Arkham o executa com um choque. A data? Primeiro de Abril!
Batman se embrenha onde encontra e derrota sucessivamente Cara de Barro, Dr. Destino e Espantalho. Seu encontro seguinte, com o Chapeleiro Louco tras uma sequênca de frases marcantes. “ Às vezes acho que o Asilo é uma cabeça. Uma cabeça que nos sonha. Talvez seja sua cabeça, Batman. O Asilo é um país dos espelhos, e nós somos você.” Mais definidor, impossível.
O encontro seguinte de Batman é com Zeus, que após vários delírios, simplesmente é deixado de lado, em contrapartida de seu encontro com Crocodilo, um encontro puramente selvagem, ao contrário dos anteriores, e por isso mesmo, entrecortado por pensamentos do próprio Arkham, em uma analogia com a ópera Parsifal, em sua busca pelo Graal e sua luta contra o Dragão, plenamente adequada ao momento do próprio Batman.
Finalmente após derrotar Crocodilo, Batman se depara com o mentor da liberação dos internos: O Dr. Cavendish, usando o vestido de noiva da mãe de Arkham, e que traz a Dra. Adams como refém.
batmanCavendish explica que o Homem Morcego, é o verdadeiro culpado, ao “alimentar” a casa com seus detentos e, ao mostrar o diário de Arkham, se descobre que o responsável pela morte de sua mãe, é o próprio, ao descobrir que o resultado do sofrimento dela vinha de visões de um morcego.
Arkham prometera conter em suas paredes todas essas criaturas, e que após matar seu corretor de bolsa em 1929, fica confinado, e que com seus conhecimentos de magia oculta, escreve com as próprias unhas um feitiço para conter o morcego das visões. Finalmente ao acabar seu feitiço, Arkham se liberta, ou melhor, morre.
Cavendish, então conta que ao encontrar o diário, sentiu que era sua missão continuar o trabalho de Arkham, detendo o Morcego e, nesse instante ataque Batman e só é detido, quando a Dra. Adams atira e o mata. Batman encontra a saída e libera a Dra. Adams.
Batman está decidido a voltar e provar que é mais forte psicologicamente que os internos do Arkham. Ao se encontrar com o Coringa e os outros internos restantes, incluindo o Professor Milo, e convence o Palhaço do Crime que sua sorte será decidida por Duas Caras, da forma tradicional, através de sua moeda.
Dent joga a moeda e diz que Batman está livre, o Coringa diz a Batman que ele sempre será bem vindo de volta ao Asilo, caso a situação fique difícil lá fora. No final é revelado que a moeda na verdade caiu com a parte riscada e que Dent deliberadamente mentiu para os outros internos.
Uma história complexa tanto em seu roteiro, quanto em seus lindíssimos desenhos, exigindo uma leitura atenta aos detalhes e conexões entre as histórias. Um clássico do Homem Morcego, que mostra a força desse personagem e especialmente de sua galeria de vilões, única nos quadrinhos, e a influência de fatores psicológicos em suas motivações.


wilson simonetto

Wilson Simonetto

Nasceu em 1968. Desde jovem é colecionador e hoje tem aproximadamente 5.000 revistas variadas como da Marvel, DC Comics, Bonelli, Turma da Mônica, Disney, Asterix, etc.

 

3 Comentários Batman – Asilo Arkham: Uma séria casa em um sério mundo

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