Conheça O Homem Mistério
“Mylar” foi lançado em 1967 no Estúdio D’Arte do argentino Rodolfo Zalla e do italiano Eugênio Colonnese. Era um extra-terrestre durão, misterioso e muito poderoso surgido em maio daquele ano. E, como se não bastasse, teve a sorte de ter Colonnese como desenhista. Seu traço limpo, bonito e correto anatomicamente, sempre fez dele um dos desenhistas preferidos dos leitores, geralmente preconceituosos em relação a artistas locais. Já os roteiros, ficaram por conta de Luiz (Meri) Quevedo.
O protagonista, também conhecido como “O Homem Mistério”, chegou à Terra em um disco voador (que também funcionava como seu laboratório/QG) que aterrizou e ocultou nos penhascos da Ilha de Fernando de Noronha. Sua missão, fazer pesquisas e observações na Terra. De quebra, demonstrar aos terrestres os benefícios da “união e a justiça para o desenvolvimento de um povo”. Sua preocupação era legítima: em suas viagens, “Mylar” visitou planetas semelhantes à Terra, destruídos totalmente por guerras (a história se passa um ano após a Crise dos Mísseis Cubanos, que quase detonou o globo).
Apesar de ser fisicamente superior aos terrestres, “Mylar” não tinha nenhum super-poder, contava com seu Cinturão Atômico, peça que lhe permitia, entre outras coisas, voar como o Superman.
O uniforme do “Mylar”, vermelho com uma elipse de um raio no peitoral, lembrava o “Flash” americano. O herói usava também uma máscara cobrindo todo o rosto e, mesmo sem ela, sua face nunca se revelava ao leitor, o que lhe dava um ar misterioso – que aterrorizava os bandidos e estimulava as fantasias sexuais das mocinhas (“Mylar” chegou a comer pelo menos duas delas).
A nova HQ fez logo sucesso, principalmente por causa do visual das histórias. Os roteiros não eram lá grande coisa: um pouco ufanistas, com verborragia e, pior, repleto de erros de português. O que valia mesmo eram os incríveis desenhos de Colonnese. E Meri dava a impressão de ter se arrependido de pousar “Mylar” no Brasil. Por isso, as histórias muitas vezes se passavam nos Estados Unidos e até em outros planetas.
O detalhe interessante era que Mylar havia visitado outros planetas destruídos pela guerra, e suas histórias se passavam um ano depois da Crise dos Mísseis de Cuba.
“Mylar”, apesar do sucesso, deixou de circular no nº 8, em 1968 (julho, provavelmente) devido á recusa dos editores em devolverem os originais ao artista. Desgostoso, Colonnese decidiu não desenhar mais para a editora Taika. Para piorar a situação, seus desenhos se perderam numa enchente que invadiu a editora, juntos com os de outros artistas.