Saiba mais sobre este grande nome dos quadrinhos de terror no Brasil
Rodolfo Zalla (Argentina, 1930) é um desenhista de histórias em quadrinhos argentino radicado no Brasil.
É impossível se falar em quadrinhos de terror no Brasil sem citar o nome do argentino Rodolfo Zalla. Apesar de formado em arquitetura, sua verdadeira paixão era o desenho. Ainda na Argentina, com 18 anos junta-se ao estúdio de Carlos Clémen. Começa sua carreira em 1953, colaborando com revistas como Patoruzito, Hora Cero e Frontera. Em função da crise editorial Argentina, vem ao Brasil em 1963. Neste ano, trabalha na agência de Barbosa Lessa, com romances em quadrinhos.
Em 1964, o quadrinista italiano, Eugênio Colonnese, muda-se para o Brasil, trabalha em várias editoras cariocas e paulistas, desenhando romances e centenas de capas.
Eugênio acabou conhecendo muitos artistas e escritores do gênero terror que estavam fazendo muito sucesso. Fez alguns trabalhos nesta linha para a editora Jotaesse (iniciais do José Sidekerskis) onde trabalhava também Rodolfo Zalla e em uma pequena reunião depois do expediente em uma lanchonete no térreo do prédio que ficava na Beneficiência Portuguesa, travessa da Avenida Ipiranga, surgiu a idéia da criação de uma vampira e no dia seguinte em 1967, nasceu a personagem que marcaria toda a sua carreira, Mirza, a mulher vampiro.
O nome Mirza era uma variação do nome Mylar que era o super herói de sucesso do Eugenio Colonnese. Na editora jotaesse, teve, ao todo, 10 edições da Mirza. A tiragem chegava a 35 mil exemplares. Até que um dia Rodolfo Zalla disse para o Eugênio Colonnese que fazer revistas didáticas dava bem menos trabalho, pois o preço de um desenho para uma revista didática.
O ano de 1967 foi importante para o Estúdio D’Arte do argentino Rodolfo Zalla e do italiano Eugênio Colonnese. Foi quando produziram três novos super-heróis: “Escorpião”, “Superargo” e… “Mylar”.
A nova HQ fez logo sucesso, principalmente por causa do visual das histórias. Os roteiros não eram lá grande coisa: um pouco ufanistas, com verborragia e, pior, repleto de erros de português. O que valia mesmo eram os incríveis desenhos de Colonnese. E Meri dava a impressão de ter se arrependido de pousar “Mylar” no Brasil. Por isso, as histórias muitas vezes se passavam nos Estados Unidos e até em outros planetas.
“Mylar”, apesar do sucesso, deixou de circular no nº 8, em 1968 (julho, provavelmente) devido á recusa dos editores em devolverem os originais ao artista. Desgostoso, Colonnese decidiu não desenhar mais para a editora Taika. Para piorar a situação, seus desenhos se perderam numa enchente que invadiu a editora, juntos com os de outros artistas.
Rodolfo Zalla e Eugênio Colonnese pararam de fazer HQs no final de 1968 e produziram muitas revistas didáticas.
Em 1973, as histórias da Mirza aparecem pirateadas na editora Regiart. Os seis números não tinham a autorização do Eugênio Colonesse e ele não ganhou nenhum dinheiro por estas revistas.
Rodolfo Zalla foi um dos artistas responsáveis pela arte de Targo (uma cópia de Tarzan) e pela reformulação do Escopião (criado como um plágio do Fantasma de Lee Falk), ambos pela Editora Taika.
Na Editora Abril, Zalla foi responsável por desenhar durante seis anos histórias do Zorro baseadas na série de TV da Disney
Zalla e Colonnese foram responsáveis pela utilização de quadrinhos em livros didáticos brasileiros.
Em dezembro de 1981, Zalla lançou a sua editora própria, a D-Arte Ltda. Primeira edita uma revista de faroeste, Johnny Pecos, que dura apenas quatro números. Logo, entretanto, vêm Calafrio e Mestres do Terror que teve mais de 50 edições.

Capas de Targo e Escorpião
No gênero terror criou a personagem Nádia, a filha de Drácula, e no faroeste o cowboy Johnny Pecos. (publicado somente 4 exemplares, pela editora D-Arte, entre 1981 e 1982 e a editora Ninja publicou 1 número em 1990).
Em 1982, o desenhista Rodolfo Zalla lançou a revista Mestres do Terror, trazendo de volta a Mirza, com a história “A maldição de Mirela Zamanova” É nesta história que conhecemos a origem da vampira. Desenhada pelo próprio criador Eugênio Colonnese e escrita por Osvaldo Talo que fica responsável pela saga da vampira.

Capas de Nadia, a filha de Drácula e Johnny Pecos
Quanto a Mirza, no total foram sete aventuras da vampira na revista Mestres do Terror, sendo que uma das histórias deixaram os fãs de queixos caídos. A História “A Força do Sangue” desenhada dessa vez, por Rodolfo Zalla. Mirza é apenas uma coadjuvante que tinha como personagem principal o Conde Drácula e no final, ela faz uma dança de strip misturado com uma dança moderna coreografada por Isadora Ducan. Eugênio Colonnese não acompanhou este roteiro e só viu tudo quando já estava pronto, mas ninguém gostou da Mirza feita por outro desenhista.

Mirza, a vampira
A participação da Mirza termina em 1984 no número 25 da Revista Mestres do terror.
Mirza volta as bancas em 1986 pela Press Editorial. Inicialmente como um teste, mas o resultado foi tão bom, que o próprio criador escrevia os roteiros e desenhava as histórias. A editora publicou mais uma revista e parou por problemas alheios à vontade do Eugênio.
Eugênio volta em 1988, pela Catânea Editora, com muitas histórias desenhadas para revista “Antologia Brasileira do Terror” considerada a “Grafic Novel” do terror. Mas a Mirza aparece apenas na suas contra-capas.
Finalmente em 1989, pela própria Catânea Editora, Mirza volta com várias histórias na revista “ Os grande momentos de Mirza a Mulher Vampiro”.
Até 1999 Eugênio Colonnese continuou trabalhando nas revistas didáticas quando recebeu um convite do Álvaro de Moya para fazer uma nova história sobre a Mirza para a Metal Pesado e a história ficou bem erótica.
Watson Portela reuniu alguns personagens brasileiros na história “A ultima Missão” Eugênio Colonnese gostou muito de ver outro desenhista dando uma nova cara e uma nova roupa para a Mirza. Afinal, o criador gosta de manter a sua personagem bem atualizada e seguindo os padrões da moda.
A revista Max Almanaque – Mirza, a mulher vampiro da editora escala produzida em 2002 traz muitas histórias da personagem e vem com uma entrevista com o Eugênio Colonnese. Essa edição é magnífica por trazer a foto de muitas capas das revistas desde o inicio.
Em 2005 lançou pela Opera Graphica o livro “O Desenho Magnífico de Rodolfo Zalla”, um livro que ensina técnicas de desenho.
Em 2009, Zalla desenhou a revista Chico Xavier em Quadrinhos escrita por Franco de Rosa e publicada pela Ediouro, e Lula – Luiz Inácio da Silva, escrita por Toni Rodrigues e publicada pela Editora Sarandi em 2010. Em 2011, a Editorial Kalaco publicou o segundo volume do álbum “War – Histórias de Guerra” trazendo histórias de guerra produzidas na década de 1960, inspirada na revista “Blazing Combat”, da Warren Publishing, a publicação das histórias foram abortadas por decorrência da Ditadura Militar. As histórias da revista Blazing Combat também foram publicadas no álbum “Combate Inglório” da Gal Editora publicada em Agosto do mesmo ano.

Capas das revistinhas de Chico Xavier, Lula e War

Capa da revista Calafrio
A Editoral Kalaco do jornalista Franco de Rosa continua os projetos da Opera Graphica (editora encerrada em 2009, também era comandada por Rosa),
Em Julho de 2011, foi anunciado que a Editorial Kalaco e a Zarabatana Books publicariam um álbum de histórias produzidas por Zalla protagonizadas pelo Drácula, também foi anunciado que o pesquisador Gonçalo Junior, autor dos livros A guerra dos gibis” (Companhia das Letras) e “Maria Erótica e o clamor do sexo” (Peixe Grande), estaria teria escrito um livro sobre o quadrinista argentino.
Zalla também anunciou a volta da revista Calafrio pela Editora CLUQ (Clube de Quadrinhos).
Confira a entrevista feita pela HQ & Cia a Rodolfo Zalla.
Aqui você encontra alguns desenhos feitos por Zalla: http://coa.inducks.org/creator.php?c=RZl&c1=date

Livro O desenho magnífico de Rodolfo Zalla
Para homenagear o mestre, a Opera Graphica lançou o livro O desenho magnífico de Rodolfo Zalla, quinto volume da coleção Opera arte. A obra apresenta aulas e ilustrações de Zalla, detalhando processos de acabamento com diversos materiais e para diferentes finalidades. O resultado, além do caráter didático, dá uma geral na carreira do veterano artista, que já publicou mais de quatro mil páginas de quadrinhos.