Saiba mais sobre uma das maiores obras de Mort Walker
A tirinha em quadrinhos do Recruta Zero, Beetle Bailey no original, foi criada em setembro de 1950 pelo cartunista “Mort Walker” e permanece até os dias de hoje narrando o cotidiano militar do quartel Swampy, inspirado no quartel “Camp Crowder”, onde o autor prestou serviços militares. Ao longo dos anos, o criador tem sido auxiliado por outros muitos cartunistas, como: Jerry Dumas, Bob Gustafson, Frank Johnson e seus filhos: Neal, Brian e Greg Walker.
Originalmente, o personagem era um estudante chamado “Spider”, da universidade de “Rockview” e os personagens eram baseados em colegas de classe do autor, estudante da universidade de Missouri. No decorrer do primeiro ano da tirinha, o Recruta Zero abandonou os estudos e se alistou no Exército norte-americano em 13 de março de 1951, onde permanece até os dias de hoje.
Particularmente, o Recruta Zero é um tipo preguiçoso, bem-humorado que geralmente tira sonecas e evita o trabalho, o que o leva a ser alvo de punições verbais e físicas aplicadas por seu supervisor, o Sargento Tainha, um militar excessivamente rígido. Os uniformes dos personagens ainda são os mesmos usados pelo Exército entre as décadas de 40 e 70, o verde desbotado com bonés de beisebol, já os oficiais utilizando capacetes de combate “M1”, usados pelo Exército norte-americano da Segunda Guerra Mundial até ser substituído pelo capacete “PASGT”, em 1985.
Nas tirinhas, o Recruta Zero é sempre visto com um chapéu ou capacete cobrindo sua testa e seus olhos, sendo somente visto sem os acessórios na tira original quando ainda era estudante universitário e, esta nunca circulou em nenhum jornal, foi impressa somente em livretos em toda a história das tirinhas.
Uma versão televisiva da tirinha, reunindo 50 episódios, foi produzida pela companhia “King Features Syndicate” e animada pelos estúdios “Paramount”, nos Estados Unidos e “Artransa Film”, em Sydney, na Austrália, sendo exibida originalmente em 1963. O Recruta Zero, na versão norte-americana, foi dublado pelo comediante e diretor “Howard Morris”, já o Sargento Tainha, por “Allen Melvin”.
No que se refere a censura, o relacionamento entre o autor e o Exército norte-americano, na maioria das vezes, tem sido cordial. Porém, em princípios da década de 50, a tirinha foi retirada do jornal militar “Stars and Stripes”, justificando encorajamento ao desrespeito por oficiais. Já na imprensa civil, a tirinha tem sido censurada esporadicamente. Em 1962, a tirinha foi censurada por mostrar um umbigo, e em 2006, a descrição do passado criminoso de “Roque” foi substituído por um não criminoso.
Em 2000, a editora norte-americana “Dark Horse Comics” lançou duas figuras colecionáveis do “Recruta Zero” e do “Sargento Tainha”, como parte da linha “Classic Comic Characters”. Outra homenagem recebida devido aos 50 anos da tirinha foi feita pela empresa DHC, a qual produziu um conjunto de 7 figuras em PVC “Recruta Zero, Sgt. Tainha, General Dureza, Srta. Tetê, Oto, Tenente Mironga e Cuca”.
Entre 1953 e 1980, o Recruta Zero também apareceu nas revistas em quadrinhos. A primeira série norte-americana foi publicada pelas editoras: “Dell Comics”, “Gold Key Comics”, “King Comics” e “Charlton Comics. Já a editora “Harvey Comics” circulou os personagens entre 1992 e 1994. No Brasil, muitas editoras foram responsáveis pela circulação do personagem entre as décadas de 60 e 90, como: RGE e Globo. Na década de 70, o Recruta Zero circulou pela editora “Saber” sob o nome “Zé, o Soldado Raso” e, entre as mais recentes publicações, estão as editoras: “LP&M Pockets” e “Mythos Editora”.
A tirinha em quadrinhos “Hi and Lois”, de 1954 e co-criação de Mort Walker e Dik Browne, é inspirada no Recruta Zero. Os personagens de uma tirinha ocasionalmente aparecem na outra como convidados.
Recentemente, o personagem do Recruta Zero completou 60 anos (2010) e sua circulação está em 1.800 jornais ao redor do mundo. Nessas seis décadas, Mort Walker além de desenhar o personagem, escreveu livros sobre a técnica dos quadrinhos e idealizou o museu “National Cartoon Museum”, dedicado a coleções, preservação e exibição de desenhos animados e quadrinhos, construído em 1974 e fechado em 2002, após várias mudanças de nome e relocações. Em 2008, a coleção de Walker foi absorvida pela biblioteca “Billy Ireland Cartoon Library & Museum” afiliada da “Ohio State University”, em Columbus, Ohio.
No Brasil, o personagem estreiou em 1952, na revista “Mão Negra”, com o nome de “Recruta 23”. Mas ganhou popularidade nos anos 60, quando estrelou a hoje legendária revista da RGE. Nos anos 70, foi publicado também, sob forma de livro, pela editora Saber, que mudou seu nome para “Zé, o Soldado Raso” – talvez para evitar atrito com a concorrente RGE, que também publicava Zero na época.
Atualmente, o soldado mais hilário dos quadrinhos é publicado entre nós por vários jornais, como “O Globo”, “O Estado de S. Paulo” (desde 1991), “A Tarde”, “A Gazeta” (de Vitória), “Zero Hora”, “O Estado de Minas”, “Diário do Nordeste”, “Diário de Pernambuco” e “Jornal de Brasília”. Volta e meia é publicado em formato de livro de bolso pela gaúcha L&PM.
Personagens do Recruta Zero:

Da esquerda para a direita: Otto, Sargento Tainha, Recruta Zero, Quindim, Roque, Platão, Tenente Escovinha, Tenente Mironga, Cuca, O Capelão, Capitão, General Dureza e Dentinho.
É difícil não se identificar, em algum momento, com o preguiçoso Zero (que já tinha essa personalidade desde o início, na vida universitária), com o ingênuo Dentinho, o simpático e autoritário Sargento Tainha (contraponto e cara-metade de Zero), o ranzinza General Dureza, sua esposa Martha, o irritante Tenente Escovinha, a gostosa Dona Tetê, e tantos outros que fazem parte deste divertido panteão, como Quindim, Cuca, Capelão, Roque, Platão, Otto, Martha, Ky, Lorota, Mironga e Capitão.
Diversos personagens surgiram ou desapareceram, ao longo da trajetória da tira. Walker afirma que quando algo não está dando certo, deve ser tentado algo diferente. E foi o que sempre procurou fazer. Embora, por vezes tenha criado polêmicas, tendo provocado movimentos contra alguns personagens seus, considerados estereótipos, como Dona Tetê, vista como objeto sexual; o Tenente Mironga, que fez a tira ser banida de alguns jornais, com acusações de ambos os lados, brancos e negros; e o Cabo Ky, que seria uma “tiração de sarro” dos asiáticos.

Zero
Zero…
Este o recruta mais pregiçoso de todos principal personagem do desenho, um tipico garoto americano que por mais que não faça nada ou fale mal de alguém o mesmo está sempre metido em encrencas, quando não está cochilando em algum lugar, sonha com o dia que dará adeus ao exercito.

Bunny
Bunny
A namorada do Zero, raramente vista na tirinha.
Sargento Tainha

Sargento Tainha
É o hilário sargento brutamontes e guloso que vive pegando no pé do Recruta Zero. Apesar de durão, é tímido com as mulheres (sua companhia é o pequeno e também engraçado cachorro Otto), ao contrário de seus subordinados, Zero e Quindim, com quem de vez em quando sai nos dias de licença.

Otto
Otto…
É o cachorro do Sargento Tainha. Originalmente, Mort Walker retratou o cãozinho como um cachorro comum, para depois desenhá-lo com o mesmo uniforme de seu dono.
Platão…

Platão
É o intelectual do quartel. Sempre fazendo citações de livros e falando como se estivesse apresentando uma tese de doutorado, é um dos amigos do Zero.

Dentinho
Dentinho…
É um personagem limitado intelectualmente, e seu nome é uma ironia a dois de seus dentes crescidos.
Quindim…

Quindim
É o mulherengo do quartel. Mas as suas cantadas nem sempre dão certo.

Roque
Roque
É o revoltado. Vai contra as instituições, é escritor e administra o jornal clandestino do quartel, se mobiliza por qualquer causa atual.
Cosme
- Cosme
É o viciado em jogatina. Nunca perdeu uma partida sequer de pôquer para o Zero; Faz um comércio informal em seu “cantinho do Cosme”, onde vende de tudo; este personagem foi quase esquecido nos anos 80.

Tenente Escovinha
Tenente Escovinha…
Trata-se de um oficial caprichoso e imaturo, sempre reclamando que nunca é promovido. Eterno puxa-saco do General Dureza, constantemente tem chiliques infantis e vive implicando com o jeito grosseirão do Sgto. Tainha.
Tenente Mironga…

Tenente Mironga
Embora não apareça com freqüência nas tiras, leva a honra de ser o primeiro personagem negro a ser retratado em quadrinhos norte-americanos, em 1970, sua marca registrada é o eterno cablo Black Power.
- General Dureza
General Dureza…
É a inépcia em pessoa. Pensa mais no golfe que na administração do quartel. Como se não bastasse, tem problemas de alcoolismo (toma muitos Martinis) e obedece cegamente à mulher, Martha. Vive com esperenças de receber uma carta do Pentágono.
Capitão Durindana

Capitão Durindana
É um sujeito tímido e de raros melindres, sempre disposto a ouvir as reclamações dos subordinados, em especial do Zero e de outros soldados rasos.

Cuca
Cuca…
É o cozinheiro do quartel Swampy, reputado por sua incrível capacidade de tirar o apetite de todos com suas “iguarias”. Inicialmente retratado com um quepe de caserna, ganhou um chapéu de mestre-cuca, para facilitar a identificação. Sempre trabalha fumando (em 1989, o personagem aboliu de vez o hábito de fumar).
Srta. Tete…
- Srta. Tete
É a sugestiva secretária do General Dureza, sempre representada com um vestido preto ou vermelho. É o objeto de desejo de soldados e oficiais dentro do quartel, mas também é a típica “loira burra”, bem menos competente que sua colega Blips.

Soldado Blips
Soldado Blips
É a competente secretária militar do General Dureza, sempre desprezada por não ter os atributos físicos de Srta. Tetê.
Capelão…
- Capelão
Sempre com um bom conselho aos militares.

Chip Gizmo
Chip Gizmo
um sabe-tudo simpático e entulhado de aparelhinhos. De cabelo espetado, vesgo e amarfanhado, Gizmo aparece com fone-de-ouvido, fios retorcidos e dispositivos caindo da farda. Aos 30 e poucos anos, vive em seu próprio mundo, com a mente rodopiando no ciberespaço.
Recruta Zero: 60 anos de anarquia
TV Estadão | 5.5.2010
Personagem criado por Mort Walker é publicado em 50 países e 1.800 jornais. O jornalista Jotabê Medeiros conversa com Álvaro de Moya, especialista em quadrinhos, e Hugo Escalera, da Creative Licensing
http://tv.estadao.com.br/videos,recruta-zero-60-anos-de-anarquia,99389,253,0.htm
RECRUTA ZERO NO BRASIL:
Editora RGE – de 1962 a 1986 – 292 edições mensais + 5 almanaques
Editora LPM – 1988 – 2 edições; e em 1991 – 1 edição
Editora Globo – de 1989 a 1992 – 38 edições mensais + 3 almanaques
Editora Saber – 1995 a 1997 – 24 edições + 2 almanaques
Editora Opera Graphica – de 2001 a 2006
Editora Mythos – 2007 – 3 edições + 2 almanaques
Editora Kalaco – 2011
Editora Pixel – 2012

Revistas do Recruta Zero
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Bom dia!
“Embora não apareça com freqüência nas tiras, leva a honra de ser o primeiro personagem negro a ser retratado em quadrinhos norte-americanos, em 1970, sua marca registrada é o eterno cablo Black Power.”
O primeiro personagem negro retratado em quadrinhos não foi o Franklin, de Charles M. Schulz? No site do Peanuts, consta a data da primeira aparição de Franklin em 31/7/1968. Mais de um ano antes do Tenete Mironga.
Legal, isso e demais mais queria que a as HQ’s do recruta zero voltasse atual.
Não queria que acabassem, como diz meu amigo tudo que e bom dura pouco…