Evento organizado por João Calvet reuniu diversos nomes dos quadrinhos no Rio de Janeiro
Nos dias 12 e 13 de janeiro de 2013, o ComicMania 14 1/2 foi realizado na cidade do Rio de Janeiro reunindo diversos quadrinistas como Jack Jadson, Jack Hebert, Carlos Rafael, Marcio Takara, Lipe Dias, e muitos outros craques.
O evento que começou as 10 horas e foi até o final do dia, teve exposição de profissionais que puderam ficar frente a frente com o público, que aproveitou para conversar, pedir dicas, autógrafos e tirar fotos com seus ídolos e inspirações para muitos.
Houve palestra sobre “Os Novos 52“, onde o público pode discutir com experts da área e tirar suas dúvidas. A escola de quadrinhos, Impacto Quadrinhos, esteve presente exibindo trabalhos de alunos, que por sua vez, desenharam ao vivo para o público.
Heron Moraes, fez cosplay de Wolverine, e animou a galera com sua performance e carisma.
Alguns jovens talentos tiveram a oportunidade de expor seus trabalhos, muitos deles de produção independente, como o Juizforano Rael Mochizuki, com sua criação em Mangá “Ameto”.
Esteve presente o Batmania, um blog formado por um grupo de pessoas que decidiu levar o Batman como cultura e ter mais contato com os fãs que se perderam na internet. (batmania.blogspot.com)
O Mania de gibi teve a oportunidade de conversar com alguns dos expositores da ComicMania. Veja abaixo as entrevistas:
Jack Jadson
Jack, o quê e quando iniciou seu interesse pelos Quadrinhos?
– Eu sou de Santarém, no Pará e quando eu era criança, vi uma revista em quadrinhos do Super-homem e aquilo abriu as portas pra um mundo que não existia e como eu sempre gostei de quadrinhos, meu interesse pelo desenho veio com essa revista. Eu só sabia desenhar o Super-homem de costas por causa da capa (risos). O meu sonho era trabalhar com quadrinhos. Nunca quiz fazer outra coisa.
Quanto tempo de carreira você já tem?
– Tenho 17 anos como quadrinista.
Como te descobriram?
– Eu procurava quadrinho em banca e vi anúncio na revista dizendo que a Abril estava procurando desenhista pra trabalhar no exterior, então peguei o endereço e mandei carta, desenhos e aguardei a resposta.
Tempo depois, o pessoal da ArtCom em São Paulo me chamou e fiquei residindo e trabalhando lá.
Jack, você pode nos contar uma “história de bastidores” engraçada que tenha acontecido durante a criação de algum de seus trabalhos?
– Uma vez Joe Bennet e eu, tinhamos que fazer 3, 4 revistas por mês. Num certo dia, pedimos ajuda de outro desenhista e tinhamos que virar a noite pra entregar o trabalho no outro dia e o desenhista novo era um cara grandão forte, sabe?
Quando chegou a noite ele nao conseguia trabalhar e falou: “Cara vou no banheiro pois to passando mal e nao to conseguindo trabalhar…”
E ficamos lá esperando e continuamos desenhando. Nisso o cara demorando bastante.
Quando fomos ver estava ele com a calça arriada e dormindo no vaso! (rsrsrs). Demos um susto nele, ele acordou e ficou com raiva de nós por uns 5 anos. (rs)
Você já trabalhou para a Marvel, desenhando capitão América, Falcon, e para a DC, com vários trabalhos como Liga da justiça, Teen Titans e Terror Titans. De todos os trabalhos dessas grandes produtoras de quadrinhos, qual você mais gostou de trabalhar e qual fez mais sucesso?
– Acho que meu trabalho atual, o Hawkman (Gavião Negro), pois trabalhei com uma editora legal e um personagem muito legal, também.
Seus desenhos são feitos no Brasil ou no exterior?
– Faço aqui, a mão, escaneio os desenhos e mando pela internet.
Está trabalhando em algum projeto? Pode revelar qual?
– Estou fazendo o Halkman pra DC e outro trabalho pra Dynamite.
Jack Herbert
Como despertou em você o gosto por quadrinhos?
– Desde criança eu gostava de quadrinhos. Morava em uma cidade do interior e lá não tem banca de revista até hoje. Sempre gostei de desenho animado e fazia as histórias como a da Turma da Mônica. Acho que meu gosto surgiu em querer contar uma história com desenho e como não tinha como partir pra desenho animado, fiz desenho em quadrinhos.
Como foi pra você, ter a oportunidade de desenhar um super-herói de tanta relevância como o Capitão América?
– Na verdade desenhei Avengers Invaders. O Capitão América foi o primeiro personagem famoso que desenhei da Marvel. Posso dizer que caprichei. Passei horas desenhando. (rs)
Dos desenhos que você fez até hoje, existe algum que tenha te agradado mais?
– A revista do Sombra pra mim foi a melhor. Achei perfeita, pois gostei muito do personagem que é um clássico.
Existe algum quadrinho em especial que você ainda não desenhou, mas que gostaria de desenhar?
– Um monte de quadrinhos! Gostaria de desenhar os X-men, mas acho que gostaria mais de um título solo Wolverine. Existem outros, como Batman, Constantine, mas o Wolverine lidera a lista. (rs)
Qual dica você daria aos quadrinistas que estão querendo ingressar no mercado dos quadrinhos?
– Todo mundo diz que é so desenhar, desenhar, desenhar, mas tem que estudar também. Você tem que saber como narrar uma história, entender de perspectiva, tem que manjar de anatomia, enfim. Tem que estudar muito e mesmo assim você estuda 30% do que pratica. Você tem que praticar mais do que estudar. Tem que obter resultados.
Como sabemos, o Mike Deodato é seu “vizinho de porta”. Você pode dizer que ele é ou foi uma referência pra você?
– Com certeza. Sou o maior fã dele, só não falo muito dele pra minha imagem não ficar muito assossiada como cria de Deodato. Ele é responsável por eu estar fazendo o que faço hoje.
Pra fechar, uma pergunta fácil. Quem ganharia uma luta, Batman ou Homem de ferro? (rs)
– Acho que o Homem de ferro (risos). Olha o poder de fogo do cara! Não sei, pois ambos são inteligentes, ambos são ricos, ambos tem recursos, mas acho que o poder de fogo do Homem de Ferro é maior. É certo que o que perdesse a luta se vingaria do outro e a luta não teria fim (risos).
John Calvet
João, em 2011 estivemos no ComicMania e vimos diversos craques dos quadrinhos. Dois anos depois, você considera que o nível do evento tem melhorado? Porque?
– Esse evento certamente foi melhor que o anterior quanto a número de venda de ingresso e público. O que me lembrou os antigos ComicMania. Acho que foi um trabalho de internet, pois estamos há 2 meses no facebook chamando o pessoal, logo tentamos usar todas as ferramentas possíveis para atrair o público usando a internet a nosso favor.
Como você conseguiu trazer para o evento, os artistas “não-cariocas” como Jack Jadson e Jack Hebert?
– O Jack Hebert eu já conhecia em eventos de Nova Iorque. Já encontro ele há três anos na Nova York Comic Con,então já é meu amigo. Já o Jack Jadson, eu sempre converso com ele por e-mail e surgiu essa oportnidade de ele vir ao evento. Ele fez vários sketchs para sortearmos aqui. É um parceiro também, acredito no evento e veio.
Qual a estimativa de público para este ano?
– Em vendas de ingressos, foi o dobro do ComicMania de 2011.
Já há planejamento para o próximo? Algo que já possa revelar?
– Na verdade este ComicMania é o 14 1/2, pois já fizemos o 14 e estamos com planejamento de fazer o 15 com convidado internacional. Então este está sendo um aquecimento pra “dar uma espetada no Rio” pra todo mundo lembrar quando mencionarmos o 15. Fazendo isso o tempo todo, conseguiremos recuperar o público que perdemos nos últimos 5 anos. Ainda mais que o há boatos que não haverá Comicon no Rio esse ano, pois o último evento foi um fiasco, mesma história da Bienal dos quadrinhos. Voltei com o ComicMania, pois ficaram postando várias matérias na mídia que eles foram os únicos que fizeram eventos internacionais em quadrinhos no Rio, dizendo que há 17 anos não havia esse tipo de evento no Rio, sendo que o ComicMania naquela época já estava na sua décima terceira edição.
Obrigado, João!
Conversamos com algumas pessoas do público presente, como os jovens Allexia, 19 anos e João, 21 anos.
O que vcs estão achando do Comicmania desse ano?
– João: É a primeira vez que viemos e estamos gostando. É muito bom para conhecer pessoas e fazer novos contatos. É bom para ela (Alexxia), pois ela também desenha.
Allexia: Eu estou adorando pois tem pessoas novas com trabalhos independentes e estão tendo a oportunidade de expô-los. A gente sabe como é pois estamos na mesma situação.
Vocês são quadrinistas?
– Allexia: Nós fazemos tirinhas e estamos para lançar um quadrinho. Temos também um card game que já está pronto. Vir a esses eventos é bom pois podemos divulgar nosso trabalho.
Conversamos também com Fernando, 23 anos, estudante de quadrinhos na Impacto Quadrinhos.
Você costuma vir a eventos de quadrinhos?
Sim, eu vim no Comicmania anterior a esse. Geralmente vou nos de animes, mas por aqui perto não tem muito.
O que você achou dos artistas?
Achei bem legal, agora estou esperando as palestras que vão começar, mas o pessoal é muito fera! Muito bom para quem quer entrar no ramo.