Os roteiros ficam por conta de Kaled Kambour e arte de Kris Zullo
A Gabaju Records & Comics, uma antiga gravadora que agora é também editora de quadrinhos, já tem seu primeiro lançamento: Província Negra (formato 20 x 28 cm, 80 páginas), com roteiros de Kaled Kambour e arte de Kris Zullo.
A edição retrata a cidade de São Paulo na metade do século 19, onde um personagem real da história, o advogado negro e abolicionista Luiz Gama, se vê envolvido injustamente no assassinato de um escravagista, o que o leva a escancarar a ideologia que sustentou a escravidão da época na sociedade brasileira, e que, de alguma maneira, ainda ecoa em nossos dias.
Era um momento em que a maior cidade do país tinha pouco mais de 40 mil habitantes, muita garoa e muita efervescência cultural. A obra faz um retrato da época, com reconstituição dos fatos históricos, da arquitetura da cidade, da música, das artes literárias e do teatro. Também aborda o ativismo político dos paulistanos.
Apesar de ter retratar uma personalidade, a trama é fictícia.
Filho de Luiza Mahin, uma das líderes da Revolta dos Malês, Luiz Gama foi vendido pelo próprio pai aos nove anos. Foi autodidata, e na juventude frequentou a faculdade de direito do Largo de São Francisco. Advogado, lutou, em pleno regime de escravidão, pela alforria de centenas de escravizados nos tribunais da província. Era ativista político e reconhecido poeta romântico e satírico. Amigo de Ruy Barbosa, Castro Alves, Angelo Agostini, Paulo Eiró, Raul Pompéia e outros, era uma figura querida e admirada em toda província. E temida.
Escravagistas o tinham como o grande inimigo. Políticos progressistas corriam para São Paulo para se aconselhar com ele. Morreu jovem, aos 50 anos, de complicações de diabetes.